mudanças...

Sempre que as coisas mudam eu atualizo minha lista do msn.
Infelizmente esse ano já é a segunda vez que eu tenho que fazer isso.

Acho incrível essa minha capacidade de perceber como as coisas vão
acontecer antes mesmo que elas aconteça. Claro que isso não impede
que elas aconteçam, mas sacar o que tá rolando me dá a sensação
(ilusória, provavelmente) de controle.

Mesmo sem terem me dado nenhuma pista, sem que nenhum problema tenha
sido relatado nos últimos 5 meses, mesmo sem me envolver em nenhuma
polêmica, eu sabia que algo estava muito errado. Reunião marcada do
nada, num sábado. Quem nunca chega na hora já estava lá, quem não se
atrasa atrasado, quem não dá um passo sem a outra metade, sozinho.
Conversas banais e algo mto interessante no chão ou no umbigo, pq os
olhares não conseguiam de desviar dessa região.(pelo menos a falta de
coragem estava dentro do contexto habitual)

Então, meio que em uma emboscada, onde novamente eu era a última a
saber, tive que mudar o rumo da minha vidinha.
Não sei o que sentir, além de que perdi meu tempo e minhas energias
em uma coisa fadada a fantasia. Eu pertenço ao mundo real, onde as
pessoas são diferentes e convivem com isso, onde dinheiro paga as
contas, onde o erro faz parte do processo e precisa ser corrigido e
não ignorado, onde cronograma existe pra vc não ter que trabalhar sem
descanso por meses e depois ficar procurando o que fazer, onde vc não
protela trabalho simplesmente pq a inspiração não veio, onde vc não vira
pro seu sócio e diz que não pode se preocupar com a parte dele do projeto
só pq a sua saiu do controle, onde você sabe que nem tudo é lindo e tem
consciência, se não da sua não-genialidade, pelo menos da sua medíocridade.
Esse é o meu mundo e era mto diferente da terra da fantasia do resto
do grupo. Eu estava trabalhando enquanto para os outros que existia era
o desejo é de que aquele lugar fosse uma "brincadeira séria" e não
um "trabalho divertido".

Depois de muito suor, muitas, muitas, muitas lágrimas, uma tendinite,
mtas crises comigo mesma e mtas tentativas uni-laterais de aceitar a
diferença eu caí na real. O cancerzinho da realidade teve que ser
extirpardo. O cancêr vive feliz como sempre viveu e o mundo continua são
e salvo na terra do nunca. O câncer ainda vai visitar a terra do nunca
só pra permanecer com a gostosa sensação de "lar doce lar" que sempre vem
quando ele volta pra casa, a que realmente é a casa dele.

Como já disse, não sei o que sentir. Mesmo entendendo que vulcanos e
duendes não podessam andar juntos por muito tempo, não consigo me desligar
dessa sensação de traição, de engano, de falta de consideração. Acho que
superestimaram meu poder de adivinhação. Eu ainda leio entrelinhas melhor
que ninguém e antevejo muito coisa, mas não tanto.

Uma amiga me disse "Você precisa deixar de ser tão gente boa."
Mas eu fico na ilusão de que ainda vou ser recompensada por todas as boas
coisas que fiz e pelos empregos que arrumei pra tanta gente por mais que
um ou outro me puxe o tapete.

Meu lado pragmático não deixa de ver que eu na verdade tô saindo no lucro.
Construir castelos de cartas não é mesmo pra mim, sempre preferi lego.


p.s.: Um especial obrigada pra Nic, Dri e Polim por ontem e outro pra
Bíolla por hoje. o turbilhão tá passando e acho q vocês tem mesmo razão.
E mesmo que não tiverem foi muito bom ouvir. Pelo menos com amigos mesmo,
eu nunca erro.


0103