quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Afinal, o que é isso?


“você ta adiando de novo sua vida pessoal”

Ouvi isso hoje em uma conversa com a Amanda sobre os últimos acontecimentos. Não sei bem, mas me pareceu coisa de conversa encomendada. Tipo mãe quando não entende porque você prefere ir à um show de rock debaixo de chuva ao invés de fazer, sei lá, escova no cabelo.

Não entendam mal, não to criticando a Amanda (que se tiver lendo isso aqui vai entender. Afinal, tantos anos de papos intermináveis servem pra entender essas coisas) Essa colocação só me fez pensar em como cada um entende “vida pessoal” de um jeito. Penso que a maioria a vê como uma instância separada, como se ainda pudéssemos compartimentar nossas personalidades em papéis bem delineados.

Não que eu seja exemplo, mas não vejo como entrar no doutorado vai interromper uma parte da minha vida. Digo isso porque todas as partes da minha vida são interconectadas e tem fronteiras muito, muito, tênues. As vezes invisíveis até. Meus amigos vem quase todos do mesmo “lugar de fala”. Todo mundo vem de relações que envolvem o que muitos categorizam como ”vida profissional” . Meus amigos vem todos de relações com coisas que eu gosto de fazer e, normalmente, faço bem.  Todos são colegas de escola, de dança, de faculdade, de trabalho. Só de ex-alunos tem pelo menos uma dúzia dos quais não abro mão (brinco que fui promovida à amiga). Minhas relações se constroem do cotidiano, do conversar sobre a novela, de discutir que personagem de TBBT se parece com quem, de discussões intermináveis sobre a digestão zumbi. Talvez não seja tão nobre, ou nada excitante, mas é assim que tem sido nos últimos 30 anos. Embora muitos duvidem, eu gosto de ser assim, de que aconteça assim. Como eu não acredito em estado permanente de graça, me arrisco a dizer que sou feliz a maior parte do tempo (exceto quando eu passo a manhã inteire me perguntando como eu fui gastar tanto esse mês ou  o mês passado)

Não sou burra, sei que o que a Amanda tava falando é de um aspecto da minha vida de pouco movimento. Sei que tem coisas que meio que “não andam” comigo, mas também não sei bem o que fazer pra gerar esse “movimento”. Até lá, tento fazer com que essa paralisia não afete todas as outras coisas que eu faço andar e, sobretudo, sei fazer andar. Não abro mão do movimento desse setor, mas também não vou me conformar com uma vidinha mediana, com alguém mais-ou-menos, só pra fingir que tenho a tal da “vida pessoal”. (Antes que alguém ache que é uma indireta sei lá por que motivo, não é. O que é medíocre pra mim pode ser o auge da vida de alguém. Obviamente o que eu acho fantástico pode ser uma tremenda perda de tempo na visão de você que tá lendo isso agora e mandando eu me lascar)

Resumindo, sempre que eu puder eu vou sim  andar mais um degrauzinho nessa vida profissional, pra alguns tão isolada do resto, tão independente. Se tudo der certo eu vou sim passar os próximos quatro anos estudando RPG on line e vou colecionar meus diplominhas de doutorado, pós doutorado, fazer intercambio, doutorado-sanduiche, quem sabe até estudar no M.I.T (pra ser nerd de alto nível). E quero sim poder trabalhar num lugar só, ter dinheiro pra ir a Europa pelo menos a cada 03 anos, poder trocar de carro e comprar bobagens pra decorar minha casa, publicar um livro e conhecer gente inteligente, gente burra, gente bonita e gente feia por esse caminho. Se for acompanhada por um cara inteligente, que ria das minhas piadas e que, além disso tudo, também me faça rir, melhor ainda. Se ele não existe, tudo bem também, eu continuo me divertindo com o que eu leio, em brincar com meu cachorro, em conversar com meus amigos (os de verdade, porque os passageiros a gente deixa passar), comprar enlouquecidamente e tentando sempre pensar mais rápido que meu interlocutor.

Sei que é uma coisa meio nextel, mas de fato essa é minha vida, esse é meu clube
Se você não concorda, só não faça igual, mas me deixe fazer do meu jeito, escolher o que me satisfaz, mesmo que você não entenda.

=D
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p.s.: Por via da dúvidas, Amanda, nossa conversa só motivou o pensamento. Se tivéssemos mais tempo, esse seria um daqueles nossos longos papos dos quais sentimos tanta falta. Não entenda nada torto, ou nada “pra você”. São só pensamentos soltos mesmo, uma idéia que se junta a outras.

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