Quando eu era mais nova, adolescente pra ser mais exata,
vivia argumentando com meus pais que não entendia por que eles não gostavam de
sair. Eles sempre se limitaram a fazer as coisas pra nós, os filhos. Cinema, só
pra ver os trapalhões (ainda me lembro do meu pai roncando no finado cine casablanca
quando fomos ver “O inspetor Faustão e o
Mallandro”. Um clássico do trash brasileiro). Minha mãe sempre dizia que com o
tempo seus amigos somem, engolidos pelas próprias vidas, interesses família e cansaço.
Isso me irritava muito e eu bradava “ah, mas comigo
não vai ser assim. Eu e meus amigos
nunca vamos deixar de nós encontrar”.
Bem, cá estou numa quarta à tarde (feriado), escrevendo num
blog onde praticamente ninguém lê – embora o Google insista em me dar índices
de visita, eu acredito que é um bug – depois de recusar-me a sair ontem com uma
amiga pois estava morta em pé. E sábado, ao ir ao
aniversário-anúncio-de-noivado da Clara (sim, meus caros amigos, mais um) nos
demos conta que não nos víamos a quase 1 ano. Isso sem contar que Lorena e eu
não nos vamos a 1 ano e 2 meses, a Kilma à quase 2 anos e o Ed, então, pasmem 8
longos anos.
É mamis, pode exercer seu direito do “I told so”.
Amigos ficam velhos, se cansam, se afastam, são engolidos
por sua própria vida, amores, interesses. E se você não é a primeira escolha de
alguém, prepare-se, você se verá, daqui a 5 ou 10 anos, sozinho numa quarta a
tarde, falando sozinho em alguma nova plataforma qualquer que você usa pra
maquiar toda essa “solitude”.
Não que a gente não queira, às vezes rola um esforço monstro
e a gente se vê, mas tudo parece mais difícil agora. Obviamente uns se esforçam
mais que outros pra esses encontros e
assim vai indo. Eu tem dias que acordo
de pé esquerdo, achando uó alguns só se lembrarem quando chafurdam na lama, ou
por alguns tomarem chá de sumiço quando você é quem chafurda na lama. É meio
deprimente, eu confesso, mas não tem muito o que fazer.
O que me consola é que eu não vou me tornar a tia dos gatos,
no máximo dos shitzus.
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